Um carnaval estranho
Agora que Rolling Stones e U2 já phizeram seus shows, os surdos já começam a sua contagem regressiva em linguagem de sinais, e as cuícas também... para a phesta popular brasileira que monopoliza as atenções de todo mundo. Menos de uma minoria, composta de paulistas branquelos de óculos que dedicam seu tempo desenhando personagens furries desconhecidos, mas vamos lá.
Não costumo assistir desfile de carnavar na TV. Mas um foi especial. Especial porquê, há 20 anos atrás, eu ainda era uma criança, e tudo o que me chamou a atenção nada tinha a ver com o samba e com as pessoas que o fazem. A cobertura do carnaval de 1986 na Globo foi muito esquisita...
Primeiro: alguns caminhões da Globo tinham uma placa inclinada acima da caçamba. Não sei qual é o nome desse acessório, que existe em alguns caminhões para torná-los mais aerodinâmicos, mas nessas placas -eram dois ou três caminhões, estavam escritos alguns nomes e logotipos estranhíssimos para a época. Só me lembro de TV Pirata e Tarcisio e Glória. O detalhe é que "TV Pirata" só estrearia em 1987, e "Tarcísio" só em 1989. Porquê cargas de água a Globo divulgaria vários anos antes os nomes de alguns projetos de novos programas?...
Segundo: Alguns repórteres, como Glória Maria, não se sabe porquê, seguravam dois microfones ao invés de um. Sabe aquela famosa caixinha que existe nos microfones de repórteres de TV, né? (em inglês isso se chama mic flag) Pois é, algumas delas eram prateadas, não tinham símbolo nenhum nelas, e tinham a forma de um retângulo na horizontal, pois comportavam dois microfones !!! E o repórter segurava todo o conjunto por apenas um deles. Até hoje me pergunto o porquê disso! Os dois eram daquele tipo padrão de equipe de reportagens da Globo, o Electro Voice 635A, que curiosamente existe até hoje.
E em lojas norte-americanas, que fabricam esse tipo de acessórios sob encomenda ou vendem modelos básicos já prontos, se eu perguntar por eles sobre "microphone flag for two microphones" eles vão dizer que eu andei tomando ones and anothers. Nunca mais se viu o microfone siamês na tela da Globo de novo.
Terceiro: Além disso, os repórteres traziam na mão um objeto de desejo que eu tenho até hoje: televisores portáteis, que, hoje eu sei, eram o retorno de vídeo dos repórters. Claro, em preto e branco, porquê pelo que eu sei de eletrônica, se fosse em cores simplesmente o aparelho seria impossível de carregar na mão - o CRT seria pesado e caro demais. Nesses aparelhos, o tubo ficava na vertical e a tela era refletida por um espelho. Não achei nada semelhante atualmente, os televisores portateis de LCD hoje em dia são todos muito maiores do que aqueles, não sei por quê, tem umas 8 polegadas contra as 4 dos CRTs. A propósito, aparentemente hoje em dia só muito raramente se vêem repórteres com esse tipo de acessório.
Bom, se para você o Carnaval para a sua vida é mais que o Natal para Charlie Brown e Santa Claus, e se você estranhou tudo o que eu disse aqui, de como é possível alguém prestar atenção em microfones e coisas do tipo nessa época do ano, calma. Primeiro, com DNA não se discute... E segundo, para pessoas como você, recomendo o site Sambario, do Mestre Maciel, especializado em sambas-enredo. Afinal, alguns deles ainda seriam cantados muitos anos depois - até Golias, na Praça é Nossa em 2004, cantava um enredo de vários anos antes: "É carnaval, é a doce ilusão, é promessa de vida no meu coração..." Esquindô, esquindô, vai indo que eu não vô!
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